segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Será a vez do... amor!?

Um dia desses durante uma aula de Filosofia estava discutindo com os alunos sobre valores e diante de duas turmas povoadas com adolescentes e jovens enamorados da vida, escolhi o valor "amor" para analisar e ilustrar o tema. Daí, escolhi como texto ilustrativo (oral) a música "Monte Castelo", do Legião Urbana. Propositalmente, não lhes foi entregue a letra impressa, para que ouvissem atentamente a canção.
Ainda que eu falasse a língua dos homens/E falasse a língua do anjos/Sem amor, eu nada seria.../É só o amor, é só o amor/Que conhece o que é verdade/O amor é bom, não quer o mal/Não sente inveja ou se envaidece.../O amor é o fogo que arde sem se ver/É ferida que dói e não se sente/É um contentamento descontente/É dor que desatina sem doer.../Ainda que eu falasse a língua dos homens/E falasse a língua dos anjos/Sem amor, eu nada seria.../É um não querer mais que bem querer/É solitário andar por entre a gente/É um não contentar-se de contente/É cuidar que se ganha em se perder.../É um estar-se preso por vontade/É servir a quem vence o vencedor/É um ter com quem nos mata a lealdade/Tão contrário a si é o mesmo amor.../Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem/Agora vejo em parte/Mas então veremos face a face/É só o amor, é só o amor/Que conhece o que é verdade.../Ainda que eu falasse língua dos homens/E falasse a língua do anjos/Sem amor, eu nada seria...
Vejamos qual o desdobramento da atividade durante a aula:
  • alguns alunos acreditavam que a música era interpretada pela banda Catedral;
  • interpretando o amor apenas como sentimento existente na relação homem x mulher, muitos deram-lhe notas baixas (zero, por exemplo);
  • cada aluno defendeu seu modo de ver o amor;
  • alguns conseguiram ouvir melhor a letra da música e lembram do texto de Paulo, dada a relevância da Bíblia, registro da fé cristã;
  • os alunos conheciam Camões, embora não tenham associado imediatamente trechos da música ao poeta português;
  • os alunos casados mostraram-se interessados nesta instituição e os solteiros revelaram interesse em permanecerem assim, especialmente as meninas;
  • todos trocaram experiências apontando os aspectos positivos e negativos das relações humanas.
Conclusões

Durante a aula foi possível entender melhor o universo humano quanto à sua relação com o amor. Então foi possível comentar brevemente sobre o pessimismo de Sêneca e a solidão de Schopenhauer, o filósofo do amor. Conclui-se que as relações entre o universo avaliado e suas famílias é, no mínimo, razoável, embora alguns assumam que praticam a preguiça sem dó, sobrecarregando outros da família com o trabalho que os primeiros deveriam executar. Outros assumiram abertamente que amam seus familiares. Esta atividade serviu é testemunha de que o amor não é um valor ameaçado pela rapidez da informação ou pelo individualismo do homem contemporâneo. O texto permitiu ainda discutir questões como vaidade, verdade, conhecimento, ideal, desejo, perseverança, respeito, projetos pessoais, entre outros.